Adamy Gianinni Certo dia, me deparei com uma situação inusitada. Por ironia do destino, tive a chance de conquistar algo que, um dia, acreditei não ser para mim. Naquele momento, comecei a enxergar que talvez eu fosse capaz. Que talvez valesse a pena tentar.
E eu tentei. Corri atrás da oportunidade e a agarrei – mas minha pegada não foi firme o suficiente. A cada passo que eu dava para conquistá-la, ela parecia se afastar mais. Quanto mais me esforçava, mais difícil se tornava. Entrei em pânico. Chorei. Me vi perdido, sem saber como alcançar algo que, a cada dia, parecia mais distante.
Então, o destino me surpreendeu novamente. Como se o tempo quisesse me dar uma nova chance, a oportunidade voltou às minhas mãos. Eu andei ao lado dela por muito tempo, soube o que fazer, tive todas as condições para agir. E, no entanto… não fiz nada. Hesitei. E vi, mais uma vez, a oportunidade escorrer pelos meus dedos, agora com ainda mais velocidade, como o vento que apaga nossos rastros no chão.
Comecei a pensar em desistir.
— “Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Por que eu sou assim?”
Os dias passavam rápidos, alimentando minha ansiedade e meu desespero. A luz que ainda me dava esperanças se apagou, e eu me vi imerso na escuridão e na tristeza de quem tinha tudo nas mãos… mas falhou.
É difícil chegar a esse ponto e se olhar no espelho perguntando:
— “Quem sou eu? O que estou fazendo neste mundo? O que eu quero?”
E não encontrar as respostas.
Eu me sentia um estranho em um mundo de estranhos. Onde ninguém se entende, apenas se questionam. Uns amam, outros odeiam. Uns conquistam, outros perdem. Uns morrem sem querer, outros querem morrer mesmo cheios de vida. Uns vivem na riqueza, outros na miséria. Muitos desejam poder… e eu, apenas via tudo escapar das minhas mãos.
Foi então que a ficha caiu. Mesmo sendo uma pessoa difícil de lidar, mesmo sendo “estranho”, eu tenho meu lugar no mundo. E o fato de ser diferente não deveria ser motivo para desistir. Mas, em vez de lutar, fiz o contrário: me conformei com a derrota. Aceitei o fracasso. A cada dia que passava, carregar o peso da decepção se tornava mais insuportável.
Cansado e inconformado, busquei refúgio nos meus pensamentos. E dormi.
Foi quando sonhei com a oportunidade. Ela era perfeita, parecia ter sido feita para mim. No sonho, eu estava em meio a um deserto, e ela apareceu, olhando para mim. De longe, sua voz suave foi trazida pelo vento:
— “Arrisque-se! A vida não teria a menor graça se não existissem as incertezas.”
Eu sorri por fora, mas chorava por dentro. Ela acenou e, lentamente, começou a se afastar… até desaparecer em uma estrela que se acendeu no céu.
Depois daquele dia, nunca mais a vi. A oportunidade se foi para sempre. Mas eu aprendi uma lição valiosa: na ânsia de acertar, eu errava por medo de arriscar.
Oportunidades surgem a todo momento. Algumas são boas, outras ruins, mas cabe a nós decidir quais valem a pena e qual caminho seguir. O que é fácil tem seu preço. E, por mais que eu tenha errado, ainda tenho o futuro todo pela frente para tentar de novo.
Não há segredo. Não há manual. É preciso arriscar.
Afinal, a vida não teria a menor graça sem as incertezas.
Arrisque-se! Se você não tiver nada a perder.
